TRANSFORMADOS PARA A MISSÃO - @p. Jota Moura Rocha
“Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” (2Co 3.18).
Iniciemos examinando o verso em epígrafe, para aprendermos sua aplicação à vida transformada em Cristo.
1) “Mas todos nós, com a cara descoberta” - pensam alguns que esta parte do versículo é uma alusão à pele do rosto de Moisés que foi transformada, depois que ele desceu do Monte Sinai, onde recebeu os Dez Mandamentos do Senhor (leia Êx 34.29-35). Dizia-se que seu rosto brilhava com raios de luz, que pareciam vir de dentro dele, e ser o efeito do tempo que ele passou com o Senhor.
2) “refletindo como um espelho, a glória do Senhor” - O texto fala da qualidade da vida cristã, que está no processo de ser transformada. Pois assim como um espelho revela as características físicas, para que alguém possa arrumar-se corretamente, também a constante visão de Cristo pela fé, revela os defeitos do nosso caráter e inspira a correção. A transformação que resulta é uma transformação “de glória em glória”.
1. A SEMELHANÇA DE CRISTO
1) “somos transformados de glória em glória” - é o mesmo que igual “...a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13b). Os cristãos são transformados à imagem de Jesus por seu acesso direto a Ele.
2) “de glória em glória” - Significando de um grau de glória ou graça para outro maior, até alcançarmos a glória plena na segunda vinda de Jesus. Significa ainda, ser santificado na terra para se transfigurar física, mental e espiritualmente à medida que ascendemos na comunhão de Cristo Jesus.
2. UMA TRANSFORMAÇÃO RADICAL
1) “na sua própria imagem” - Assim viviam os cristãos primitivos. Eles não apenas viviam juntos, mas experimentavam uma transformação radical em seu caráter e estilo de vida, por meio do Evangelho de Cristo. Refletiam a imagem de Cristo, ao ponto de serem apelidados de “Cristãos” (leia At 11.26).
2) ”como pelo Espírito do Senhor” - O Espírito Santo é o agente de nossa transformação interior. Para que a transformação espiritual aconteça, nossa fé deve estar focada na missão do Reino e na total dependência do Espírito Santo. O impacto dessa transformação foi tão profunda que o mundo ao seu redor não podia ignorá-los. “...Estes são os que andam revolucionando o mundo inteiro. Agora estão também aqui” (At 17.6b - BJ). Este texto revela princípios eternos que devem guiar a Igreja até os dias finais. Chama-nos a seguir o modelo de Cristo e reafirma o papel vital da Igreja, como participante ativa na missão do Reino de Deus, que deve moldar o curso da história.
3. A MISSÃO DO REINO DE DEUS
Segundo o Prof. Jorge Henrique Barro, a missão do Reino de Deus para a Igreja, se apoia em cinco pilares fundamentais.
1) A Missão de Comunhão – Uma Igreja que vive a comunhão com Cristo (leia Mt 28.20) e persevera na comunhão com os irmãos (leia At 2.42), cultivando relacionamentos que transcendem interesses pessoais e refletem o amor divino. É uma comunhão significativa. A comunidade de fé precisa ir além da convivência superficial e cultivar relacionamentos autênticos. O culto divino deve proporcionar momentos de convivência saudável, onde haja apoio mútuo e amor genuíno, fatores cruciais para fortalecer a unidade cristã na vida da Igreja.
2) A Missão de Proclamação – Seguindo o exemplo de Jesus (leia Mt 4.17). A Igreja obedece à ordem de ir e pregar o Evangelho do Reino a todas as pessoas, anunciando a redenção que há no nome e sacrifício de Cristo (leia Mc 16.15). O foco da pregação deve ser o Evangelho da Cruz de Cristo (leia 1Co 2.2). Quando o testemunho é verdadeiro e o amor é genuíno, as portas se abrem para que o Evangelho seja anunciado com graça e poder. O modelo de vida cristã, revelado em Atos dos Apóstolos, nos lembra que a Igreja não é apenas um local de encontro, mas um espaço de transformação, onde a fé ativa leva os cristãos a refletirem o caráter de Cristo, impactando o mundo ao seu redor (leia At 2.47).
3) A Missão do Ensino – “Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.20). A Igreja deve priorizar o ensino fiel às Escrituras, promovendo estudos bíblicos acessíveis, sermões ancorados na Palavra de Deus e um discipulado contínuo (leia Mt 28.19-20), que ajuda os membros a compreenderem e aplicarem os ensinamentos de Cristo em suas vidas cotidianas. O ensino bíblico sólido é uma prioridade, para que os cristãos possam viver de acordo com os preceitos de Deus.
4) A Missão de Serviço – Assim como Jesus se fez servo (leia Mc 10.45), a Igreja é chamada a servir. “A fé sem obras é morta” (leia Tg 2.26), e o serviço é a prática da diaconia ao próximo, que deve ser uma constante na vida do cristão. O testemunho público da Igreja deve promover impacto social. A Igreja deve envolver-se ativamente em sua comunidade, servindo e demonstrando o amor de Cristo através de ações que promovam o bem estar social (leia Ef 2.8-10). A Igreja é chamada a ser um canal de generosidade e cuidado, onde os recursos são compartilhados e as necessidades de cada membro são atendidas. Projetos sociais, ofertas especiais e fundos de apoio, são formas práticas de manifestar o amor de Cristo ao próximo.
5) A Missão de Adoração – A adoração a Deus, como descrito em Atos 2.42, é fundamental na vida da Igreja. É por meio da adoração que o nosso coração se alinha com os propósitos divinos e a comunidade se fortalece espiritualmente. A vida de oração, consagração e adoração comunitária são a base de uma Igreja viva e atuante. Promover momentos de louvor e intercessão fortalece a comunhão com Deus e com os irmãos, mantendo viva a dependência d’Ele em todas as áreas.
A práxis cristã nos chama a um caminho de transformação que transcende as palavras. Trata-se de um convite a viver o Evangelho de forma tangível, onde o amor, a fé e o serviço se entrelaçam, para impactar o mundo de maneira transformadora. A verdadeira fé nos desafia a viver de forma concreta, fazendo com que o Reino de Deus seja visível em nossas boas obras (leia Mt 5.16; Ef 2.10).
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