CHEGOU O TEMPO DE CEIFAR! - @p. Jota Moura Rocha

CHEGOU O TEMPO DE CEIFAR!

“E outro anjo saiu do templo, clamando em alta voz para aquele que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua foice e ceifa, porque é chegada a hora de ceifar, pois já a seara da terra está madura.” 

(Ap 14.15)

@P. JOTA MOURA ROCHA

O livro do Apocalipse é um texto profundamente simbólico, repleto de imagens que comunicam verdades espirituais e realidades eternas. Entre essas visões, o capítulo 14 apresenta uma cena marcante: um anjo clama ao Filho do Homem, que está assentado sobre a nuvem, para lançar a foice e ceifar, pois a seara da terra já está madura. Essa imagem remete diretamente à ideia da colheita final, o recolhimento dos santificados em Cristo e o juízo de Deus sobre toda a humanidade. Entretanto, ao refletirmos sobre esse texto, não podemos perder de vista.

1. O papel da Igreja de Cristo

No processo histórico e espiritual. A colheita é um ato divino, mas a preparação do campo e o anúncio da mensagem que desperta as pessoas para a salvação, estão intimamente ligados à missão que Jesus confiou ao seu povo. Portanto, a mensagem de Apocalipse 14.15 nos convoca a reconhecer, que chegou o tempo de ceifar. E essa consciência deve impulsionar a Igreja, a viver com urgência, fidelidade e dedicação à sua missão evangelizadora no mundo.

2. A imagem da colheita na Bíblia

Na cultura agrícola do mundo antigo, a colheita representava o momento culminante do trabalho no campo: depois da semeadura, do cultivo e da espera paciente, chegava a hora de recolher os frutos. Esse símbolo é frequentemente usado na Escritura. Jesus, por exemplo, declarou: “Ergam os olhos e vejam os campos; eles estão maduros para a colheita” (Jo 4.35). O próprio Cristo interpretou a colheita como uma metáfora da obra evangelística e da consumação da história (leia Mt 9.37-38; Mt 13.39).

Em Apocalipse 14, a colheita ganha uma dimensão escatológica: trata-se do juízo final, em que Deus separará os justos dos ímpios. Contudo, antes da foice do Filho do Homem cortar a seara, há um período de anúncio, de proclamação e de arrependimento. Aqui se insere a responsabilidade da Igreja: ser cooperadora na missão de Deus, preparando corações para o dia da ceifa (leia 1Co 3.9).

3. A urgência do tempo presente

O texto declara: “é chegada a hora de ceifar”. Essa frase revela a urgência da missão. A Igreja não pode viver como se houvesse tempo infinito diante de si. Cada geração tem o desafio de proclamar o evangelho com intensidade, pois a seara já está madura. O apóstolo Paulo expressou essa mesma urgência quando escreveu: “E digo isto a vós outros que conheceis o tempo: já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto do que quando no princípio cremos” (Rm 13.11). No mundo contemporâneo, vemos sinais de que a humanidade caminha rapidamente para o desfecho da história. Crises sociais, guerras, degradação ambiental, perseguições religiosas e um crescente afastamento de Deus evidenciam a necessidade de uma mensagem profética, que chame as pessoas ao arrependimento. A Igreja não pode se calar diante dessa realidade; pelo contrário, deve compreender que o tempo da ceifa chegou e deve agir com diligência.

4. A missão da Igreja de Cristo

A Igreja existe para anunciar o evangelho do Reino. Sua missão não é apenas reunir pessoas em templos, mas ser luz do mundo e sal da terra (leia Mt 5.13-16). Em conexão com Apocalipse 14.15, a Igreja é chamada a ser como o anjo (gr. mensageira) que proclama em alta voz, preparando o terreno para que a foice do Senhor encontre frutos dignos de arrependimento. Essa missão possui algumas dimensões fundamentais:

1) Proclamação da Palavra – A Igreja deve pregar o Evangelho em todos os lugares, lembrando que “a fé vem pelo ouvir a Palavra de Cristo” (Rm 10.17). Sem essa proclamação, a seara não é despertada.

2) Testemunho de vida – Mais do que palavras, a Igreja deve viver de modo coerente com a mensagem que anuncia. Uma comunidade que reflete o caráter de Cristo, torna-se um sinal e testemunha do Reino.

3) Compromisso com a justiça e a misericórdia – A missão não se limita ao anúncio verbal, mas se manifesta no cuidado com os pobres, na defesa da vida e no serviço ao próximo. Essas ações tornam a mensagem cristã mais palpável.

4) Oração e intercessão – A colheita é obra de Deus e a Igreja deve “clamar ao Senhor da seara para enviar trabalhadores” (Mt 9.38). É pela dependência do Espírito Santo que a missão frutifica.

4. Preparando para a ceifa final

Quando o texto de Apocalipse fala que a terra já está madura, ele nos lembra que haverá um limite para a paciência divina. O tempo da graça não será eterno; virá o dia em que Cristo retornará para julgar vivos e mortos. A Igreja, portanto, precisa viver entre a tensão do “já” e do “ainda não”: já experimentamos a salvação em Cristo, mas ainda aguardamos a consumação plena.

Essa consciência deve levar a Igreja a dois movimentos: santificação interna e expansão missionária externa. Internamente, é preciso purificar-se, pois Cristo busca uma noiva santa e sem mácula (leia Ef 5.27). Externamente, é necessário ir até os confins da terra, pregando a única mensagem que pode transformar vidas. Apocalipse 14.15 ecoa como uma trombeta espiritual: “é chegada a hora de ceifar”. O Senhor da seara está pronto para lançar a foice, e a Igreja de Cristo não pode ser omissa.

Nossa missão é anunciar, testemunhar e preparar corações, sabendo que o tempo é curto e precioso.

Assim como o agricultor não pode perder o momento exato da colheita, a Igreja não pode adiar sua responsabilidade. Hoje é o tempo de proclamar, de amar, de servir e de preparar o mundo para o encontro com Cristo. Que a Igreja se levante, portanto, consciente de que chegou o tempo de ceifar e que sua missão é ser instrumento fiel do Senhor da seara. Até que Ele venha!

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