A VIDA SOB O SANGUE DO CORDEIRO - @P. JOTA MOURA ROCHA
“Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1.29,36).
1. Origem do sacrifício de cordeiros
Para entendermos corretamente é preciso saber, que os cordeiros eram parte importante dos sacrifícios do Antigo Testamento. Antes mesmo de Deus dar a Moisés as instruções oficiais acerca da religião judaica no Sinai, a figura do cordeiro já aparece como parte do ritual religioso.
Nos primeiros capítulos de Gênesis, encontramos Abel oferecendo a Deus uma oferta das primícias de seu rebanho (Gênesis 4.3-5). Na ocasião em que Abraão foi oferecer Isaque em holocausto, Deus providenciou um cordeiro para substituir o filho do patriarca como sacrifício (Gênesis 22.13).
Na véspera da saída do povo de Israel do Egito, Deus deu instruções sobre a instituição da Páscoa Judaica. Nessa ocasião um cordeiro em cada família, deveria ser sacrificado e seu sangue aspergido nos umbrais das portas dos israelitas. Assim, o anjo da morte passaria por cima da casa dos hebreus quando fosse visitar a terra do Egito e mataria apenas os primogênitos da casas egípcias (Êxodo 12).
A partir daquele momento, a Páscoa passou a ser uma das mais importantes festividades bíblicas. Ela continua sendo celebrada anualmente por Israel e também pelos cristãos. O cordeiro pascal deveria ser sem defeitos e nenhum de seus ossos deveria ser quebrado (Êxodo 12.5,46; Números 9.12).
Além do cordeiro sacrificado na Páscoa, os cordeiros também eram imolados na oferta diária. Isso significa que havia o sacrifício de cordeiros todos os dias (Números 28.4).
2. Jesus é o verdadeiro Cordeiro de Deus
Ainda no Antigo Testamento, encontramos referências sobre o Cordeiro que sofre calado (Isaías 53; cf. Jeremias 11.19). O profeta Isaías profetizou detalhadamente sobre o sofrimento do Messias. Ele falou dele como sendo o Cordeiro que foi levado para o matadouro e golpeado por causa da transgressão do seu povo (Isaías 53.7,8). O profeta deixa claro que foi da vontade do Senhor esmagá-lo, moê-lo e fazê-lo sofrer, fazendo de sua vida uma oferta pela culpa do pecado (Isaías 53.10). Com isso, Isaías apresentou de forma muito clara o conceito do Cordeiro de Deus.
No Novo Testamento, Jesus é apresentado como o Cordeiro de Deus. João Batista apontou para Jesus testificando que Ele é “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1.29,36). João tinha em mente o cordeiro pascal, o cordeiro da oferta diária ou mesmo o cordeiro da profecia de Isaías. Cristo é o Antítipo para o qual todos eles apontavam. Isso indica que todos os cordeiros que foram sacrificados, serviam apenas como algo temporário. O objetivo deles era apontar para Cristo e seu sacrifício, como a solução perfeita e definitiva providenciada por Deus para expiar o pecado de seu povo. É por isso que o apóstolo Pedro fala de Cristo como sendo “o Cordeiro conhecido antes da fundação do mundo” (1Pedro 1.19,20). O evangelista Filipe, ao explicar as Escrituras ao eunuco etíope, entendeu que o Cordeiro da qual falou Isaías é o Cristo, o Cordeiro de Deus (Atos 8.32-35).
O apóstolo Paulo também falou de Cristo como sendo o Cordeiro pascal que foi sacrificado por nós (1Coríntios 5.7).
3. O cordeiro da Páscoa e Cristo o Cordeiro Deus
Assim como o cordeiro pascal não podia ter nenhum de seus ossos quebrados, o Cordeiro de Deus também não poderia. Cristo, em seu sacrifício, teve todos os seus ossos preservados para que se cumprissem as Escrituras (João 19.36; cf. Salmos 34.20). É importante entender que a frase “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” não significa um tipo de universalismo. A ideia de que Cristo tirou o pecado do mundo inteiro, e por isso todos serão salvos no final, é estranha ao texto bíblico.
Apesar de haver poder suficiente em seu sacrifício para tal, definitivamente não é isso que a Bíblia ensina. No próprio Evangelho de João existem várias referências que refutam essa ideia (leia João 1.12,13; 10.11,27,28; 17.9; 11.50-52).
Para entender melhor o significado da sentença “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, vamos recorrer ao livro do Apocalipse. Em nenhum outro livro da Bíblia Cristo é designado tão frequentemente como “o Cordeiro”. O livro do Apocalipse diz pelo menos 28 vezes, que Cristo é o Cordeiro de Deus. Cristo aparece geralmente como o Cordeiro que sofre, porém no Apocalipse Ele aparece especialmente como o Cordeiro exaltado e vitorioso. Assim, Cristo é o Cordeiro de Deus que se ofereceu a si mesmo, como sacrifício propiciatório pelo seu povo. Porém, Ele venceu a morte e é o único capaz de abrir o livro selado com sete selos (Apocalipse 5.2-5).
Com seu próprio sangue, Ele comprou homens de toda tribo, língua, povo e nação. Estes redimidos foram constituídos reis e sacerdotes de Deus e reinarão com Ele eternamente (Apocalipse 5.8-10). Sem dúvida esse é o significado correto de quando se diz que Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Esse “mundo” não significa cada pessoa em particular, mas pessoas espalhadas em todos os povos, tribos, línguas e nações. Portanto, a Escritura está dizendo que o Filho de Deus, não veio para tirar o pecado de uma nação em particular, como por exemplo, os judeus.
4. O Cordeiro que trouxe a salvação
Em Cristo, não há mais qualquer distinção (Efésios 2.11-22). A porta da salvação está aberta em todas as direções. O Cordeiro de Deus veio tirar o pecado de seres humanos que estão espalhados por todo o mundo, a fim de reuni-los como filhos de Deus num só Corpo (João 11.51,52).
É por isso que Jesus é o Cordeiro de Deus que possui o Livro da Vida (Apocalipse 13.8). Nesse livro está registrado o nome de todos aqueles que o Cordeiro resgatou com seu próprio sangue. Por outro lado, a ira de Deus será derramada sobre aqueles que não forem achados escritos nesse livro (Apocalipse 20.15). A justiça Divina exige a punição do pecado! Assim, os redimidos NELE têm seus pecados punidos na pessoa do Cordeiro de Deus. Já os ímpios, inevitavelmente têm seus pecados punidos no lago de fogo (Apocalipse 20.15). Você já atendeu o chamado para viver NELE?
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