JETRO – VISÃO DE LIDERANÇA EM EQUIPE

 @p. Jota Moura Rocha

“Então, o SENHOR desceu na nuvem e lhe falou; e, tirando do Espírito que estava sobre ele (Moisés), o pôs sobre aqueles setenta anciãos; quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas, depois, nunca mais” (Nm 11.25).

Moisés, o maior líder do AT, não liderou sozinho. Ele precisou do auxílio de parceiros ministeriais nas coisas extraordinárias que realizou. Recebeu ajuda de Arão e Miriã: “Enviei diante de ti, Moisés, Arão e Miriã” (Miqueias 6.4). Veja como um livro que foi escrito entre o ano 1445-1405 A.C. já continha a visão de liderança em equipe. Moisés foi Líder de um povo que acabara de ser liberto da escravidão. Ele julgava as causas de seu povo e se mantinha de pé de manhã até a tarde e decretava as leis. Mas levava um fardo pesado, pois o número de pessoas era mui grande e isso era exaustivo para um homem só. Jetro foi visitar Moisés e percebeu logo o problema que ele enfrentava e o aconselhou (veja Êx 18.1-22). Moisés aceitou o conselho de seu sogro e assim pode liderar seu povo com mais eficácia. O Conselho de Jetro pode ser comparado com os princípios de Jules Henri Fayol, criador da teoria clássica da administração.

1. LIDERANÇA ESTRATÉGICA

1) A Liderança Concentradora de Moisés – No dia seguinte, contudo, Jetro percebeu que havia algo de errado na liderança de Moisés, quando viu uma imensa fila de pessoas aguardando horas até serem atendidas por ele. “O que é que você está fazendo com o povo? Por que se senta sozinho, enquanto eles o procuram de manhã até a noite?”, perguntou. Mas, certo de seu comportamento, Moisés respondeu que este era o seu trabalho, afinal todos esperavam que ele resolvesse as pendências com base nas leis de Deus.

2) O Sacerdote Jetro aconselhou - “O que você está fazendo não é certo. Está matando a si mesmo e ao povo que o acompanha, já que é uma tarefa muito pesada e você não pode cumpri-la sozinho” (v. 17)“Represente o povo diante de Deus, ensine a ele as leis (discipulado), faça com que conheça o caminho a seguir e as ações que deve praticar” (v. 18).

3) Desconcentre e lidere estrategicamente – Após a fuga do Egito e passar a pé enxuto pelo Mar Vermelho com todo o povo recém-libertado, Moisés acampou no deserto e logo depois recebeu a visita de sua mulher e filhos levados por Jetro. Cumprimentaram-se amavelmente, relataram um ao outro tudo o que havia acontecido durante o tempo em que permaneceram distantes e depois foram descansar. No dia seguinte Jetro viu o estilo personalista de Moisés e disse-lhe: “Desconcentrem! Reparta as cargas, crie uma liderança estratégica e dê tarefas”.

2. CRIAÇÃO DE UM GRUPO TÁTICO OPERACIONAL

1) Crie um grupo tático operacional – composto por homens: (1) capazes, (2) tementes a Deus, (3) homens de verdade, (4) que aborreçam a avareza e que sejam (5) competentes para liderar: “Estabeleça-os como chefes de mil, de cem, de cinquenta e de dez” (v. 21). Jetro era um observador bastante objetivo. E o que ele viu o perturbou o suficiente para dar ao genro alguns conselhos, ainda que Moisés não os pedisse. Em resumo, Jetro disse a Moisés: delegue! (6) Ter o mesmo espírito do líder principal – que Deus levantou. “Então, o SENHOR desceu na nuvem e lhe falou; e, tirando do Espírito que estava sobre ele (Moisés), o pôs sobre aqueles setenta anciãos; quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas, depois, nunca mais” (Nm 11.25).

2) Delegue tarefas para repartir a carga da liderança – “Os assuntos graves, eles trarão a você; os assuntos simples, eles próprios resolverão. Desse modo repartirão a tarefa e você poderá realizar a sua parte”. Ou seja, receitou a descentralização. O conselho de Jetro foi dado a Moisés cerca de 3500 anos atrás. Apesar de tão antigo, continua atual. Ele recomenda que o líder se concentre nas questões mais importantes e delegue os assuntos secundários aos seus auxiliares: “E seja que todo o negócio grave tragam a ti, mas todo o negócio pequeno eles o julguem; assim a ti mesmo te aliviarás da carga, e eles a levarão contigo” (v. 26). 

3) Saia do Protecionismo Paternalista – Jetro estava consciente de que o genro não deixaria o comportamento paternalista de lado, a fim de assumir um novo modelo de gestão sem um argumento sólido. Por isto, foi persuasivo:

“Se você fizer assim e Deus lhe der as instruções, poderá suportar a tarefa e o povo voltará para casa em paz” (v. 23). A história diz que Moisés aceitou o conselho do sogro e fez exatamente aquilo que ele havia dito (v. 24), porém não pense que foi uma tarefa fácil. Conforme a passagem de Números 26.51 pouco mais de 601 mil pessoas estavam acampadas e nesta conta só entravam os homens adultos, desconsiderando mulheres e crianças. Portanto, fazendo uma conta aproximada, ao todo eram necessários nada menos que 76.800 líderes para sustentar a estrutura organizacional recomendada por Jetro. Em Deuteronômio 1.9-15 Moisés já prega a terceiros o conselho do sogro e explica em detalhes como este modelo de gestão facilitará o trabalho de quem se encontra à frente.

3. GESTÃO DE UMA LIDERANÇA DE EXCELÊNCIA

1) Quando aliviamos a pressão que levamos – “os fardos pesados uns dos outros” (Gl 6.2). Jetro, cujo nome significa “sua excelência” (Êx 3.1), pode ser um título, e não o nome verdadeiro do sogro de Moisés. Ele também é chamado de Reuel (que significa “o amigo de Deus” (Êx 2.18) e talvez, Raquel (algumas versões bíblicas de Nm 10.29).

2) Líderes são pessoas comuns com visão extraordinária – que em dado momento da vida, se viram em circunstâncias extraordinárias, as quais tiveram que enfrentar. Até que ponto você se identifica com pessoas que enfrentam dificuldades? Como Jetro, você pode orar por sabedoria para poder intervir em um caso crítico (Êx 18.14), interceder pelos outros (Êx 18.20) e aliviar o jugo das pessoas. Como Jetro, seja sábio na hora de aconselhar. Porém, além dos bons conselhos de gente experiente, busque antes de tudo a confirmação do Senhor Deus, para não constituir líderes que não receberam o mesmo Espírito da liderança maior.

3) Líderes eficazes praticam o princípio da delegação - Jane H. Smith (born 1948) expõe assim sua visão acerca de líderes que delegam poder: “Os lideres eficazes são capazes de delegar poder às pessoas porque são confiantes, autodisciplinados e altamente motivados. Os bons líderes sabem que não podem carregar nos próprios ombros, o empreendimento inteiro ou o serviço inteiro”.