VINHO NOVO EM ODRES NOVOS - Bp. Hermes Gama
VINHO NOVO EM ODRES NOVOS
“Mas o vinho novo deve deitar-se em odres novos, e ambos juntamente se conservarão” (Lucas 5.38).
BP. HERMES GAMA
A parábola do vinho novo em odres novos é encontrada nos evangelhos de Mateus 9.17, Marcos 2.22 e Lucas 5.37-38. Jesus contou essa história, para mostrar que precisamos estar prontos e abertos para receber algo novo de Deus em nossas vidas. A figura dos odres novos é utilizada para ilustrar a necessidade de renovação espiritual e transformação na vida dos cristãos. Veremos as dimensões do odre em cinco perspectivas.
1) Perspectiva Histórica: No tempo de Jesus, odres eram feitos de peles de animais, geralmente de ovelhas, cabras e carneiros, em forma de sacos costurados e tratados para se tornarem recipientes flexíveis e resistentes, utilizados para armazenar, conservar e transportar líquidos, como vinho. A pele do animal era retirada cuidadosamente e depois de cozida e um pouco exposta na fumaça, era costurada bem apertado deixando apenas o pescoço aberto para inserir os líquidos e depois ser tampada. Com o tempo porém, o couro endurecia e perdia sua elasticidade, tornando-se incapaz de conter o vinho novo em fermentação.
2) Perspectiva cultural: O vinho novo passava por um processo de fermentação que liberava gases. Isso exigia que o odre fosse elástico o suficiente para expandir sem romper. Culturalmente, a metáfora era clara para os ouvintes de Jesus: assim como o vinho precisa de recipientes adequados, a mensagem do Reino de Deus exige corações prontos e renovados. Com o processo de fermentação, a pele era esticada até o seu limite, todo o colágeno (proteína responsável pela capacidade da pele esticar) era desgastado, levando a pele a não voltar ao seu estado normal. Por isso Jesus menciona que não se coloca vinho novo em odre velho, pois o odre velho não estica mais, e vai estourar, perdendo a pele e o vinho.
3) Perspectiva Espiritual: O “odre novo” representa uma mente e 4 coração renovados, capazes de acolher a mensagem transformadora do evangelho. É necessário um “espaço” espiritual amplo, flexível e preparado para receber a novidade do Reino de Deus, sem os limites rígidos de tradições ultrapassadas ou resistências espirituais. Assim como o vinho novo precisa de um odre novo, as ideias novas e revolucionárias que Jesus estava ensinando, precisavam de mentes e corações abertos para serem aceitas. Apenas os odres novos conseguiam suportar a fermentação do vinho novo sem se romper. Ao mencionar os odres velhos, Jesus está se referindo às estruturas e práticas religiosas da sua época, sistemas que não condiz com o Reino de Deus, que muitas vezes eram rígidas, inflexíveis e incapazes de comportar a nova revelação ensinada por Jesus. Por outro lado, o vinho novo representa a mensagem da cruz de Jesus, o Evangelho do Reino, a Alegria no Espírito, que trazia renovação espiritual, transformação e uma nova maneira de se relacionar com Deus. É a Nova e Eterna Aliança, encarnada e praticada, que foi implantada por Jesus ao inaugurar o Reino. Jesus veio para trazer uma Nova Aliança, uma nova forma de se relacionar com Deus baseada no amor, na graça e na fé. Assim como os odres velhos não podiam conter o vinho novo, uma mentalidade rígida e legalista não pode conter o poder transformador do Evangelho. Precisamos ser odres novos, flexíveis e receptivos à obra de Deus em nossas vidas. Isso implica em buscar constantemente um relacionamento íntimo com Deus na dimensão da Nova Aliança. Para receber o Novo é necessário renunciar o Velho.
4) Perspectiva Metafórica: Ao vivermos conforme o ensinamento de Jesus, permitindo que o vinho novo seja depositado em odres novos, experimentaremos a plenitude da vida cristã, o crescimento espiritual e o testemunho autêntico diante das pessoas. Desta forma, verifica-se que o vinho novo do Evangelho do Reino, somente é comportado por um odre novo (nova criatura). Não há como o odre novo (nova criatura) armazenar o vinho velho (sistema religioso) visto que, ambos não se conservam. Onde a Nova Aliança de Deus é indissolúvel, ambos se conservam: a nova criatura (odre novo) e a mensagem do evangelho do Reino (vinho novo). Quando Jesus entra em nossas vidas, não podemos manter os velhos costumes, velhos hábitos, velhas manias. O passado não tem vez.
5. Perspectiva Teológica: Jesus usa a imagem do “odre novo” para ilustrar a incompatibilidade entre o evangelho do reino e as velhas e rígidas estruturas religiosas do judaísmo. O vinho novo simboliza a mensagem revolucionária de Jesus: graça, liberdade e transformação. Os “odres velhos”, por outro lado, representam as tradições religiosas que não estavam preparadas para essa novidade.
O odre novo é a vida no Espírito, que acolhe o evangelho do reino com a liberdade necessária para florescer. É o Discipulado Transformador. Tornar-se um “odre novo” significa estar disposto a passar por uma transformação completa. É um chamado ao discipulado autêntico, onde o seguidor de Cristo abandona sua antiga forma de pensar e viver, permitindo que o Espírito Santo opere uma renovação interior que transborda no exterior estilo de vida. Ser um odre novo significa permitir que Deus transforme nossas atitudes, prioridades e relacionamentos. Como corpo de Cristo, a Igreja precisa estar pronta para acolher novos métodos e estratégias, enquanto permanece fiel à mensagem do evangelho do reino. O vinho novo pode representar também novas maneiras de alcançar pessoas, adaptando-se às mudanças culturais sem comprometer os princípios e valores do Reino embasados nas Escrituras Sagradas.
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