CR #059: PURIM A FESTA DA UNIDADE

Ap. Jota Moura

“Óh quão bom e quão suave é viverem unidos os irmãos” (Salmo 133.1).

Purim nos lembra que os judeus, mesmo estan­do num país estranho e como escravos, foram duramente perseguidos pelas forças das trevas a fim de serem eliminados para sempre, não deixando-se assim nenhum rastro de sua história para a humanidade.

Nesta festa, lembramo-nos que Israel foi liberto da morte, assim como foi no Egito (num país estranho e sob a condição de escravos). Em Purim, a Bíblia e seus mandamentos realmente unem o povo de Deus e as suas gerações subsequentes. Purim celebra a libertação do povo de Deus ainda no cativeiro como no antigo Egito! Mesmo estando numa situação adversa e sob o jugo dos persas, o povo de Israel pode experimentar uma tremenda libertação pela ação do Eterno.

1. IMPORTÂNCIA DE PURIM

Esta palavra hebraica vem do termo “pur” que significa sorte. Ela está então no plural, significando sortes. Por que os rabinos atribuem significado especial a uma festa que não se encontra na Torah (Pentateuco), que possui uma origem rabínica, que é celebrada com festividades e comes e bebes, que é destituída de conteúdo religioso, e cuja fonte documenta (O Livro de Ester), nem mesmo contém o nome de Deus?

A importância da Festa de Purim é que ela representa a aceitação espontânea da Palavra de Deus, por parte de toda uma geração do Seu povo. E é por isso que a celebração de Purim jamais desaparecerá, pois está intimamente ligada à sobrevivência do povo judeu.

A libertação dos judeus das maquinações de Haman teve início em Pessach, quando Esther fez a sua primeira aproximação do rei. Seria então possível sugerirmos que Mordechai moldou a festa de Purim, até certo ponto, segundo os modelos de Pessach? Se este é o caso, então o modo de observação de Purim cai em um pa­drão bastante distinto.

Depois de ser libertado das mãos de Haman por Deus, através da interferência de Ester e Mordechai, o Povo Judeu agora reconciliou-se livre e alegremente à Torah, cumprindo com os seus mandamentos. Eles não tinham nenhuma outra intenção e não foram de forma alguma obrigados por Deus. E é por isso então que a Festa de Purim adquire tamanha importância, pois é a celebração da aceitação voluntária da Torah pelo povo judeu.

O tema básico de Purim é a história da libertação. Assim como o êxodo do Egito, temos a obrigação de lembrar desta história. Em Purim também a história é contada, através da leitura da Meguilá (Livro de Ester). Da mesma forma que experimentamos o gosto amargo da servidão, através da história e através do gosto amargo das ervas que comemos em Pessach, assim também experimentamos a sensação de perigo para o nosso povo, através do jejum anterior a Purim. O jejum, chamado de “Jejum de Ester” em homenagem ao papel principal de Ester, não acontece no mesmo dia dos três outros dias de jejum. Assim, da mesma forma em que em Pessach o gosto amargo precede a sen­sação de liberdade, assim também em Purim, o jejum precede as festividades. Em Pessach celebramos a libertação do Egito, em Purim nos alegramos pela libertação da Pérsia numa celebração espiritual.

2. SIGNIFICADO DE PURIM

A Sidrá da Torah nos lembra do fato de que a nossa força se baseia na nossa união como povo de Deus. Assim como os impostos em skekalim, cada israelita era igual aos olhos de Deus, sendo somente parte do todo, completos somente quando ligados ao seu próximo. Quando separado de sua comunidade, o judeu se torna um simples fragmento; mas unido aos seus irmãos, ele se torna um todo efetivo. O historiador grego Strabo descreve os judeus da sua época: Não há lugar algum do mundo onde o judeu não esteja ou não tenha se estabelecido. Mesmo assim, em todas as nações da dispersão, os judeus mantiveram-se unidos e não fragmentados. Eles consideravam-se a si próprios como judeus da diáspora e encaravam Israel como sua terra natal. Jerusalém era a mãe de todas as comunidades judaicas, o Templo e os Sanedrim representavam sua capital. (Sanedrim 11, Rosh Hashaná 22).

A história dramática de Purim nos dá uma ilustração a mais deste princípio. Ester ao contar a Mordechai os planos diabólicos de Haman de exterminar todos os judeus do Império Persa, disse que Haman obteve sucesso em convencer o rei Ahasuerus, devido ao fato dos judeus estarem divididos e desunidos (Ester 3:8).

Tendo o desespero se espalhado por entre os judeus, Mordechai pediu à Ester que intercedesse e que fizesse um apelo ao Imperador. Ester o aconselhou: “Una os judeus primeiramente”. Só então Ester fez o apelo junto ao Imperador que trouxe a salvação e a festividade. Os judeus estão ligados a um pacto apresentado a eles por Mordechai e Ester.

As características de Iom Kipur são arrependimento, oração e ofertas aos pobres, são também as características de Purim. Os últimos dos itens são muito claros. O jejum de Ester e a leitura da Meguilá são facilmente identificados com as orações dos rituais de Kipurim. Yom Kipurim é o dia mais sagrado do ano – o dia no qual esta­mos mais perto de Deus e da quintessência de nossas almas. É o Dia da Expiação Pois neste dia Ele te perdoará, te purificará, para que sejas purificado de todos os teus pecados perante Deus (Levítico 16:30). Há ainda uma mitzvá específica – Matanot Laevionim – presente aos pobres. O aspecto de Tshuvá pode ser encontrado no Lech Kenoset col Hayehudim. É a resposta ao que poderia ser mesmo considerado uma fraqueza percebida até mesmo por Haman. Há um povo disperso e dividido”.

3. APLICAÇÃO PRÁTICA DE PURIM

O período festivo de Purim é marcado por um número bem distinto de práticas. Os dias anteriores a Purim são os dias do Jejum de Esther, exceto quando Purim tem início no Sábado à noite.

Além da leitura da Meguilá (Livro de Ester), é também uma obrigação em Purim a comemoração da data com uma breve festividade. São enviados presentes aos pobres (matanot laevionim) e vários tipos de alimentos para no mínimo uma pessoa (mishloach manot). Da mesma forma em que somos chamados a jejuar, também devemos presentear aos pobres e enviar comida para ao menos um indivíduo. O objetivo disto é permitir que os pobres consigam o necessário para a celebração da Festa de Purim.

Vivemos em uma época perigosa pela descrença generalizada. Infelizmente, a grande maioria dos cristãos hoje, não veem a Bíblia como parte integrante em suas vidas. Alguns não têm feito isto somente por ignorância, simplesmente desconhecem o real conteúdo da Bíblia e, por isso, não podem entender sua importância. Outros simplesmente a rejeitam, sendo que o pouco que sabem não os convence da verdade para serem libertos espiritualmente (ler João 8.32,36).

Nossa obrigação última é com a educação bíblica em todos os seus níveis e não apenas para as crianças. Somente através do estudo da Bíblia, uma pessoa é capaz de aprender a gostar da Palavra de Deus em toda a sua grandeza e sentir a inspiração necessária para viver de acordo com ela. A educação cristã deveria ser o item mais importante de toda a agenda da Igreja. Dizendo de um modo simples, sem o estudo sistemático da Bíblia, a vida cristã e o cristianismo em todas as suas facetas perderão sua eficácia.

A Igreja cristã tem sobrevivido por mais de 2000 anos, somente devido ao fato de que em cada geração, tem havido um número suficiente de pessoas que estudaram a Bíblia, sentindo-se inspiradas a viver segundo ela, e até morrer por ela. Enquanto o povo cristão continuar a se comprometer com a Bíblia e seus mandamentos a cada geração, o verdadeiro espírito de Purim viverá para sempre, e mais importante que isso, sobreviverá.

A união do povo de Deus traz o milagre da salvação. Quando todas as forças da Igreja estão a serviço do Senhor e dos valores bíblicos, então as nossas conquistas trarão luz a todo o mundo.


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