CR #11: REMEMORANDO A REFORMA DO SÉCULO XVI
por Ap. Jota Moura
Dia 31 de Outubro de 1517, Martinho
Lutero fixou na Catedral de Wittenberg, Alemanha, as 95 teses contra a venda
das chamadas Indulgências. A data tornou-se aniversário da Reforma do século
XVI, completando em 2011, 494 anos. As indulgências eram documentos oficiais da
Igreja Católica que garantiam ao seu portador o perdão dos pecados. Dizia-se
pelos pregadores mais “vorazes” que à medida que as moedas caíssem no
gazofilácio, as almas seriam perdoadas e entrariam direto no Paraíso, pela
compra das indulgências romanas. Comemoramos o fato de Deus ter levantado este
Movimento, que marcou e mudou a história. Apresentaremos em síntese, as teses
basilares da Reforma do século XVI, para conhecimento dos fundamentos da fé
evangélica.
Tese 1 - SOLA SCRIPTURA
1) Afirmamos somente a Escritura
inerrante como fonte única de revelação divina escrita - única para constranger
a consciência humana. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para
nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento humano deve
ser avaliado.
2) Negamos que qualquer credo, concílio
ou indivíduo - possa constranger a consciência individual, que o Espírito Santo
fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou
que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação divina.
3) A obra do Espírito Santo na
experiência pessoal - não pode ser desvinculada da Escritura. O Espírito não
fala em formas que independem da Escritura. À parte da Escritura nunca teríamos
conhecido a graça de Deus em Cristo. A Palavra bíblica, e não a experiência
pessoal, é o teste da verdade.
Tese 2 - SOLUS CHRISTUS
1) Afirmamos que a salvação é realizada
somente pela obra mediatória do Cristo histórico - Sua vida sem pecado e sua
expiação por si só, são suficientes para nossa justificação e reconciliação com
Deus Pai.
2) Negamos que o evangelho esteja sendo
pregado - se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé
em Cristo e sua obra não estiver sendo invocada. Cristo e sua cruz se
deslocaram do centro de nossa visão, caso olvidemos esta verdade.
3) Quando isso ocorre o resultado é uma
perda de valores absolutos - um individualismo permissivo, a substituição da
santidade pela integridade, do arrependimento pela recuperação, da verdade pela
intuição, da fé pelo sentimento, da providência pelo acaso e da esperança
duradoura pela gratificação imediata.
Tese 3 - SOLA GRATIA
1) Afirmamos que somente pela Sua graça
somos resgatados da ira de Deus - A obra sobrenatural do Espírito Santo é que
nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da
morte espiritual à vida eternal.
2) Negamos que a salvação seja em
qualquer sentido obra humana - Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por
si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa
natureza não-regenerada.
3) A graça de Deus em Cristo não só é
necessária - como é a única causa eficaz da salvação. Confessamos que os seres
humanos nascem espiritualmente mortos e nem mesmo são capazes de cooperar com a
graça regeneradora.
Tese 4 - SOLA FIDE
1) Afirmamos que a justificação é somente
pela fé - mediante a graça somente por causa de Cristo. Na justificação a
retidão de Cristo nos é imputada, como o único meio possível de satisfazer a
perfeita justiça de Deus.
2) Negamos que a justificação se baseie
em qualquer mérito - que em nós possa ser achado, ou com base numa infusão da
justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição religiosa negando a sola fide,
possa ser igreja neo-testamentária.
3) Não existe evangelho a não ser o da
substituição de Cristo em nosso lugar - pela qual Deus lhe imputou o nosso
pecado e nos imputou a Sua justiça. Por Ele ter levado sobre Si a punição de
nossa culpa, nós agora andamos na sua graça como aqueles que são para sempre
perdoados, aceitos e adotados como filhos de Deus. Não há base para nossa
aceitação diante de Deus a não ser na obra salvífica de Cristo.
Tese 5 - SOLI DEO GLORIA
1) Afirmamos que somente Deus é digno de
glória, honra e adoração - como a salvação é para a glória de Deus, devemos
glorificá-Lo sempre. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus,
sob a autoridade de Deus, e para Sua glória somente.
2) Negamos que possamos apropriadamente
glorificar a Deus - se nosso culto for confundido com entretenimento, se
negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos
que o afeiçoamento próprio, a auto-estima e a auto-realização se tornem opções
alternativas ao Evangelho.
3) A perda da centralidade de Deus na
vida da igreja de hoje é comum e lamentável - Essa perda nos permite
transformar o culto em entretenimento, a pregação do evangelho em marketing, o
crer em técnica, o ser bom em sentir-nos bem e a fidelidade em ser
bem-sucedido. Deus não existe para satisfazer as ambições humanas, os desejos,
os apetites de consumo, ou nossos interesses espirituais particulares.
Precisamos focalizar somente em Deus nossa adoração, e não em satisfazer nossas
próprias necessidades. Deus é soberano no culto, não nós. Nossa preocupação
precisa estar no Reino de Deus, não em nossos próprios impérios, popularidade
ou êxito.
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