CR #066: RESTAURAÇÃO DO TABERNÁCULO DE DAVI
Ap. Jota Moura
“Naquele
dia levantarei o tabernáculo caído de Davi, repararei as suas brechas, e
levantando-o das suas ruínas restaurá-lo-ei como fora nos dias da
antiguidade.” (Amós 9.11).
Em
Atos 15.1-29, uma questão foi levantada acerca da possibilidade de os gentios
serem aceitos como cristãos sem se submeterem à Lei de Moisés. Pedro respondeu
pela observação de que nem os judeus nem os seus pais haviam sido capazes de
suportar o peso da lei; portanto, não fazia sentido fazer pesar o peso da Lei
sobre os gentios. “Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus
Cristo, como eles também” (v.11). Tiago confirmou a afirmação de Pedro, citando
uma passagem de Amós, na qual Deus promete “reedificar o tabernáculo de Davi...
para que o resto dos homens busque ao Senhor” (At 15.16-17). Muitas outras
Escrituras se referem ao tabernáculo de Davi, embora nem sempre com o mesmo
nome. O nome frequentemente usado é “Sião”, o monte de Jerusalém onde o tabernáculo estava e onde Deus habitou
entre o seu povo. Joel 2 começa com um emocionante brado: “Tocai a buzina em Sião e clamai em alta voz no monte da
minha santidade!” Hb 12.22 diz:” Mas chegastes ao monte Sião”. Ambos referem-se ao tabernáculo de Davi. Uma compreensão do conceito da restauração desse tabernáculo é essencial para entender o que
Deus está fazendo na Igreja hoje.
1. ESPÍRITO SANTO O AGENTE DA
RESTAURAÇÃO
A
obra de restauração de Deus é a uma obra do Espírito Santo dentro e através das
vidas daqueles que creram em Jesus e nasceram de novo do Espírito de Deus (Jo
3.3). O profeta Joel predisse um dia em que Deus derramaria seu Espírito “sobre
toda a carne” (Jl 2.28-29). Assim, o seu poder seria compartilhado com todo o
seu povo e não limitado a um indivíduo escolhido. Isso explica porque Cristo
disse aos seus discípulos que convinha que Jesus os deixasse e fosse para o Pai
(Jo 16.7), porque, então, o Espírito poderia ser mandado para habitar em cada um deles, para enche-los
e para capacitá-los nas obras sobrenaturais de Deus, que seriam feitas através deles. Tito 3.5-6 revela que
mesmo a salvação – a regeneração do espírito morto do ser humano e a
purificação que faz um homem aceitável a Deus – é a obra do Espírito Santo.
Enfim, cumprir-se-á Atos 1.8.
2. SIGNIFICADO DO TABERNÁCULO DE
DAVI
O
Tabernáculo de Davi foi estabelecido logo após ele ter sucedido Saul como rei.
A arca do concerto, que representava a presença e o poder de Deus, havia sido
capturada pelos filisteus. Após uma série de pragas, os filisteus retornaram-na a
Quiriate-Jearim, onde ela permaneceu na casa de Abinadabe (1Sm 4.1 – 7.1). Davi desejava a presença manifesta de Deus com ele e o
povo de Israel, então ele procurou levar a arca para Jerusalém e coloca-la numa tenda no monte
Sião (2Sm 6;
1Cr 13 – 16).
Anterior à sua
captura, a arca havia sido alojada no tabernáculo de Moisés – localizada na
câmara interior chamada de Santo dos Santos. A ninguém, exceto no sacerdote, era
permitido entrar na presença da arca, e somente ele, uma vez por ano, tinha de
salpicar o sangue de um animal sobre o propiciatório, que cobria a arca (Hb
9.1- 7). O povo podia se aproximar somente até o pátio externo do tabernáculo
para apresentar seus sacrifícios e adorar a Deus. O Tabernáculo de Davi marcou
uma mudança revolucionária daquele sistema de separar Deus do povo. Sem violar
o espírito da lei de Moisés. Davi cultivou um espírito de intimidade,
novamente, entre o povo e o Senhor.
3. RESTAURAÇÃO DA PRESENÇA
MANIFESTA DE DEUS
O
grande significado do tabernáculo de Davi mora no fato de que a arca, a
verdadeira presença de Deus, estava em volta entre o povo de Jerusalém. O povo era ensinado por Davi a
adorar a Deus com louvor, ações de graças e júbilo. Uns dezesseis ministérios foram ordenados para atuar
vinte e quatro horas por dia, sete dias na semana. Nenhum dos ministérios
estava relacionados com culpa ou condenação, todos refletiam o reconhecimento
da misericórdia e da bondade de Deus e a sua incondicional aceitação de todos que se aproximam dele
na fé. A
restauração do
tabernáculo de
Davi hoje em dia significa largar o legalismo, a mentalidade de julgamento e de
condenação, voltando-se
para o povo sofrido da Igreja e do mundo com os braços abertos de um Deus de amor (Hb
10.1-25). O Senhor está convidando todos para se voltarem a ele, para deixa-lo limpar todos
os nossos pecados e para recebermos o frescor que vem ao estarmos na verdadeira
presença do Senhor (At 3.19). Várias outras Escrituras denotam que, em Cristo
Jesus, Deus restaura o seu povo a um relacionamento íntimo de pai e filho, que foi
quebrado pela desobediência de Adão. Todos os que creem nele são trazidos de
volta para família de Deus (Ef 2.19) e são destinados a ser conforme a sua
imagem (Rm 8.29).
4. RESTAURAÇÃO DA INTIMIDADE COM
DEUS
A
passagem em Ap 19.7-9 retrata a festa do casamento do Cordeiro, Jesus, quando
ele clama por sua noiva, a Igreja, após ela ter-se preparado para ele.
Em sua carta aos Efésios, Paulo explica como a noiva irá se preparar: submetendo-se a Deus e permitindo-se ser purificada pela lavagem
da água da sua
Palavra, a fim de que ela possa ser apresentada ao noivo sem mácula, sem ruga
ou defeito (Ef 5.25-27). Quando a noiva estiver pronta a Jesus voltar para ela,
a intimidade quebrada no jardim do Éden será completamente restaurada, e o ser
humano irá,
novamente, se tornar um com Cristo e com Deus, assim como Jesus orou em Jo 17.
Mas, assim como no primeiro “casamento” a esposa deve ser osso dos seus ossos e
carne da sua carne – isso é, ela deve ser igual a ele, poder e a vestindo na sua glória.
Talvez
a melhor maneira de resumir tudo o que a restauração significa para o crente como
indivíduo seria o
simples uso da palavra que Deus usou tanto no Novo como no Antigo Testamento:
vida. Em Dt 30.20, Moisés disse do Senhor: Pois ele é a tua vida”. Em Cl 3.4, Paulo fala de “Cristo
que é a nossa vida”. E Jesus disse: “Eu vim para que tenham vida e a tenham com
abundância” (Jo 10.10). Mas nenhuma palavra excede o esplendor ou plenitude de
Davi, quando ele disse do Senhor “Refrigera a minha alma” (Sl 23.3). A restauração, para o indivíduo, significa a
substituição de uma morte espiritual por uma vida espiritual. Ezequiel 36.25-28
claramente descreve apenas um transplante. Mas não somente nós recebemos um novo tipo e
qualidade de vida, como nós também crescemos nela. Em muitos versículos, nós vemos tal processo de
crescimento como uma obra do Espírito Santo (Jo 16.23; 17.22; Rm 8.13; Fp 1.6;
2.13; Cl 1.27). Através do seu Espírito Santo, Deus continua e aperfeiçoa a obra que ele começou em nós na salvação.
5. RESTAURAÇÃO DA IGREJA DO NOVO
TESTAMENTO
Para
a Igreja como um todo, a restauração significa mais do que se tornar uma
reprodução da Igreja do Novo Testamento. Isso implica na Igreja ser tudo o que
Deus tinha em mente para ela ser: uma Igreja apostólico-profética em seus
fundamentos (Ef 2.20-22). Lembre-se, a restauração compreende o estabelecimento de
algo a mais, e melhor do que o original. Primeiro, a restauração significa que a Igreja irá mostrar um tipo de amor que Jesus
demonstrou durante o seu ministério na Terra. Através do seu amor, ele disse, todos os
homens conheceriam seus discípulos (Jo 13.34-35). A restauração também
significa espalhar o poder de Deus, sem medida, através da Igreja. Este poder será espalhado através do se povo à medida que o dom do Espírito opere sem limites e sem
restrições sob a
direção do Espírito Santo – e no santo Espírito do amor de Deus (Jo
13.34-35). Através da completa operação dos dons e dos ministérios que Deus estabelece, e agindo
no amor que é essencialmente à sua natureza, a Igreja irá alcançar um grau de maturidade e união que
pode ser medida somente em termos da medida da “estatura completa de Cristo” (Ef 4.13). À medida que a Igreja se trona uma
casa espiritual (Ef 2.20), habitada por um santo sacerdócio, que oferece sacrifícios
espirituais agradáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo (1Pe 2.5), todos os
homens serão atraídos para ele; o mundo irá, por fim, ver a glória de Deus
através dessa Igreja restaurada. Amém!
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