CRO#016: VEM, SENHOR JESUS!
@p. Jota Moura Rocha *
A Igreja apostólica de Atos alimentava a
expectativa da 2a vinda de Cristo para os seus dias. Sua mais veemente oração
era expressa numa palavra: Maranatha (Ap 22.20). Mais de 2000 anos se passaram
e fazemos coro, orando:
Senhor Jesus Cristo! Escuta a nossa prece
orvalhada de lágrimas. Ouve os clamores que do profundo abismo da terra Te
dirige a Tua Igreja. Estamos com saudades de Ti, Jesus. Já não podemos viver sem
Ti.
A Babel da sociedade pós-moderna suspira
pela paz edênica das Tuas palavras. As nossas saudades soluçam pungentes
nostalgias de dor e desventura. Estamos cansados dos nossos pecados, enojados
dos nossos vícios, nauseados das brilhantes futilidades do mundo. Ansiamos por
descansar no seio da Tua paz divina, no mar imenso da Tua eternidade.
Volta a este mundo, ó Jesus filho do Deus
vivo! Volta aureolado daquele encanto primaveril, daquela pureza virginal,
daquele frescor juvenil, daquele fulgor estelar, que há mais de 20 séculos,
arrebataram o coração varonil de um Simão Pedro, enlevaram a alma contemplativa
de um João Evangelista, empolgaram o espírito genial de um Paulo de Tarso.
Jesus Cristo Rei! Torna a ser para Teus
filhos do século XXI, o que foste para os cristãos das catacumbas, para os
mártires do Coliseu, para os místicos do ermo, para os arautos do gentilismo!
Torna a ser para nós o que foste para Inácio e Policarpo, Tertuliano e
Agostinho, para todos os mártires da fé cristã!
Jesus Galileu! A história destes 20
séculos é a continuação da tua peregrinação terrestre. Os homens maltratam-Te.
Esbofeteiam-Te, flagelam-Te em praça pública, coroam-Te de espinhos nas câmaras
legislativas e na imprensa arrastam-Te de tribunal a tribunal, da astúcia de
Anás à insolência de Caifás, da covardia política de Pilatos à escandalosa
luxúria de Herodes.
Os homens carregam-Te na indiferença e no
esquecimento. Os Iscariotes atraiçoam-Te. Os Simão Pedro negam-Te, os fariseus
insultam-Te, os discípulos abandonam-Te, os Teus próprios filhos Te
incompreendem. Tu sabes, meu querido Rabi, quão difícil é descobrir através dos
nevoeiros do presente século, o fulgor dos Teus olhos. Amesquinhada pela humana
franqueza, desmaiou a excelsa pulcritude do teu perfil. A suprema simplicidade
do teu Evangelho está reduzida a uma teia de exterioridades, a um labirinto de
formalismos, em que o espírito se desnorteia e a alma agoniza asfixiada.
A humana incompetência procura modelar à
sua imagem e semelhança, a divina epopeia do Teu Evangelho. Pigmeus de carne e
osso pretendem recolher no acanhado receptáculo da sua mente, o oceano imenso
do Teu Espírito. Fariseus rotineiros tentam encerrar na estreita clausura do
seu pedantismo religioso, a água libérrima da tua alma. Mercadores do santuário
vendem-Te mil vezes por um punhado de metal sonante. Beijos da perfídia
jogam-Te às mãos do inimigo. Tu sabes tudo isto, Senhor, e sabes também quão
acerbadas são as dores e desilusões que nos proporcionam, até muitos daqueles
que levam na fronte o teu nome e ostentam nas suas vestes o símbolo da redenção.
O único homem que nunca falhou e nunca
nos enganou és Tu, Jesus Nazareno. Os teus discípulos ainda os melhores, ficam
sempre aquém das nossas expectativas. Só Tu ultrapassas os mais longínquos
horizontes dos nossos anseios e rompes as extremas balizas do nosso idealismo
religioso. Volta, pois, Jesus Rei da Glória! Volta logo a este mundo, que só Tu
o podes salvar. Encontrarás maior número de fariseus do que naquele tempo; não
passarás três anos de vida pública sem tentarem crucificar-Te; porque os teus lábios
proferem verdades dolorosas contrárias aos ídolos do coração humano e aos
fetiches proteiformes da sociedade. A suprema simplicidade do teu caráter nunca
se aviltou a ponto de pactuar com a política penumbrista das atitudes covardes
e das posições indefinidas. E a humanidade desumana não te perdoará jamais essa
sinceridade.
Nós, porém, os teus discípulos, estaremos
sempre como guardas de honra ao pé da Tua cruz e nos cobriremos com o manto
sanguinolento dos teus opróbrios.
O que importa, Senhor e salvador nosso é
que venhas o quanto antes, para infundir vida nova a este organismo
languescente e podre da humanidade. É necessário que venhas reiterar o teu
Evangelho do Reino, na suprema beleza daquela simplicidade com que brotou dos
teus divinos lábios. Assim, cantaremos o hosana da tua plena glória e o aleluia
da nossa felicidade eterna. Vem, Senhor Jesus!
* Texto editorado e atualizado de Huberto Rodhen.
Outubro/2019
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